O SOL

                 O sol é um poema que sangra na pele do dia.

Meus pássaros

                                         
              Nem todo pássaro é impossível.   

ALVORADA

                                    ALVORADA

A lua sonhadora treme

e se despede da ruazinha sem saída.

As primeiras luzes da manhã

aparecem sobre os altos muros.

O vento move com suavidade

a verde copa das árvores.

O sol espia desconfiado

por detrás das montanhas.

As vozes da fonte e dos pássaros

vão abrindo a manhã.

AMOR E SILÊNCIO

LAREIRA

As taças vazias

sobre a mesa

A lenha

ardendo na lareira

Não dizemos

nada

Apenas contemplamos.

O amor é feito de silêncio.

Ampulheta

Ampulheta

As nossas preces de areia

não são capazes de calar

o alarme pontual da morte.

HORA DA DESOLAÇÃO

Hora da desolação

Os salgueiros choram sobre o sangue dos galos degolados.

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