sábado, 2 de outubro de 2010

Bolero de Ravel




Bolero de Ravel

O dia desliza
no tapete do tempo.

Uma vassoura varre
o pó dos homens

que arrastam na noite
as suas cicatrizes.

Um bêbado conversa
com as pedras da calçada

Na gaiola um papagaio
dança o Bolero de Ravel.

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Poema selecionado no 1º Prêmio Cassiano Nunes, da Universidade de Brasília, e publicado em antologia.

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15 comentários:

dade amorim disse...

Uma moldura musical de força sustenta o mundo.

Beijo, Sônia querida.

Anônimo disse...

Que metáfora real! Sempre fico pasma com o que vc faz de fotos e palavras!

Beijo.

:.tossan® disse...

Difícil dançar o bolero de Ravel inteiro com a amada, mas as vezes acontece! Poema foto lindíssimos! Beijo

PS: Chove e para... chove e para...

Unknown disse...

Aqui está o sustentáculo do mundo!

A representação desse bolero, é fantástica!

Lindo mesmo é sentir na poesia o papagaio repetindo.

Belo demais

Beijos

Mirze

Tatiani Távora disse...

parabéns!

às vezes desejo todos os pássaros das gaiolas do mundo livres, entronizados e performáticos dentro de mim.

em uma liberdade inaudível aos demais, em um concerto de dentro.

depois percebo que liberdade e egoísmo não se fundem, cabendo aos olhos somente observar a majestade de asas.

Gaspar de Jesus disse...

Bem merecido este Prémio1
bjs
G.J.

Wilson Torres Nanini disse...

Arrastar na noite as cicatrizes e ainda ter varrido o pó é pungência por demais. Vc pegou aquele ponto em que as vísceras vazam de uma fresta na vida e resumiu com elas a poesia.

Um de seus melhores!

Abraços!

Mar Arável disse...

Se o papagaio voasse

melhor seria a dança

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Sonia, estava com saudades de passar por aqui: vi que tudo continua lindo...

grande beijo
tais luso

JOTA ENE ✔ disse...

ººº
Gostei da imagem do layout e da foto do post, quanto às palavras são irrepreensíveis.

Anônimo disse...

Olá, belo poema, parabéns pela seleção, gostei da foto também.
Abraços

Fernando Campanella disse...

Em poucas palavras, e com delicadeza, um painel da existência, um toque de alegria com a soltura dos pássaros.
Belos, poema e foto. Grande abraço, Sonia.

Graça Pereira disse...

Sátira, metáfora...só sei que é um poema maravilhoso merecidamente premiado!
Fico feliz por ti!
beijos
Graça

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Vassoura do tem.pó... ;)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

e mereceu o primeiro prémio.

muito bom.

beij

O CÉU SE INCENDEIA