terça-feira, 31 de março de 2009

Antes da aurora




Busco a morte
como quem busca o sono.

Morrerei antes da aurora.
Tenho anjos sobre meus ombros.

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Foto e poema: Sônia Brandão

quinta-feira, 26 de março de 2009

Onde a luz?



A ausência
na areia da memória.

Com que asas
hei de encontrar a luz?

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Foto e poema: Sônia Brandão

domingo, 22 de março de 2009

Lembrança




De repente,
como um grito,
a noite veio
e
te levou.

Ficaste apenas
no retrato
adormecido
nos meus olhos.

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Poema e foto: Sônia Brandão

quarta-feira, 18 de março de 2009

Umbral




Quando a noite cai
sobre os umbrais,

somos flores
de silêncio

e solidão.

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Poema e foto: Sônia Brandão

sábado, 14 de março de 2009

Decisão




Entre morrer e não morrer
Escolhi as palavras.

Voam de minhas mãos
Como pássaros ou punhais.


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Poema e foto: Sônia Brandão

quarta-feira, 11 de março de 2009

Por que choro




O poeta me pergunta:
Por que choras, mulher?

Choro porque o dia é oco
como um poço seco.

Choro porque a noite
pulsa sobre as flores

que amanhã não se abrirão.

Choro porque não posso
parar o pássaro da morte

que me leva em suas garras
e me faz pedra e pó.


Poema e foto: Sônia Brandão

segunda-feira, 9 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

O pássaro audaz



Quando se fecha a concha do dia
Um pássaro audaz canta em mim
E devora os pastos do silêncio.


(Foto e poema de Sônia Brandão)

quinta-feira, 5 de março de 2009

O açude da memória

Foto: Sônia Brandão


O ovo do pássaro fecunda o tempo.
Mergulho fundo no açude da memória.
Voo da infância à maturidade.

Abro os olhos para o que sou
E o instante em que dormirei
Como dorme o crepúsculo.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Bebo a vida




A morte é uma fábula.
Navego no vazio do tempo.

As canoas morrem de borco
Na areia da beira do rio.

Foto: JCBrandão

domingo, 1 de março de 2009

O Jardineiro

Foto: Brandão


O jardineiro morria um pouco
em cada canteiro que plantava.

Cada semente
levava um pouco do seu corpo.

Cada flor
levava um pouco da sua alma.

...Agora é primavera
e o jardineiro
dorme para sempre em seu jardim.

O CÉU SE INCENDEIA